quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Pense rápido: gay ou hétero?

Apesar das orientações para não julgarmos nossos pares, fracassamos completamente nessa tarefa. Felizmente! Imagine as situações que, abstendo-se de julgamento, você poderia criar
  • na balada: não vale fazer julgamentos sobre gênero, idade e beleza (graças ao álcool, não é preciso imaginar, basta relembrar, não é?)
  • no trabalho: não pode considerar a roupa dos colegas nem suas condições físicas de trabalho
  • na família do seu namorado: não vale inferir as preferências da sogra.
Em suma: precisamos enquadrar as pessoas em categorias que conhecemos (e.g., chefe X estagiário), inferir suas características a partir destas categorias e, somente então, agir (congratular pela vitória do time X mandar buscar a cópia na impressora).
Alguns grupos, como idade e etnia, são mais simples de se identificar. Outros, no entanto, têm características ambíguas. Um desses grupos, orientação sexual masculina, foi o objeto desse estudo de pesquisadores da Tufts University, publicado em 2008 no periódico Journal of Experimental Social Psychology.
Os psicólogos investigaram
quão rapidamente podemos identificar a orientação sexual de um homem,
baseados apenas em fotos de faces.
E a conclusão foi surpreendente:
50ms,
esse é o tempo necessário para julgarmos com precisão (na verdade, nem tanta precisão, mas superior a uma tentativa casual, um chute), a partir do rosto, se um homem é gay ou hétero.
Segundo os autores, tanta presteza pode ter se desenvolvido devido às vantagens que ela traz (identificação de parceiros potenciais) ou ser uma simples constatação da nossa habilidade perceptual. A velocidade é interessante, mas, no dia-a-dia, a precisão é bem mais importante...

Observações:

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Mocinhas de atitude

Relacionamento é um assunto bem interessante que, na prática, também é bastante complicado. Entre diversos aspectos, vamos falar do início do relacionamento: a aproximação do casal (me desculpe se você é pós-moderno, mas a pesquisa de hoje foi feita para heterossexuais. Compensarei em outro momento).
Reprodutivamente falando,
  • Homens procuram as mais aptas a cuidar dos filhos 
e
  • Mulheres buscam aqueles com melhores recursos genéticos e financeiros.
Como a dádiva da maternidade requer bastante esforço, as mulheres são mais seletivas do que os homens, tradicionalmente responsáveis pelos passos iniciais na busca da parceira.
Com a independência progressiva da mulher, no entanto, elas têm tomado mais iniciativas. Interessados nisso, cientistas da americana Bucknell University pesquisaram a disponibilidade e as estratégias das senhoritas em busca do príncipe encantado.
Em artigo publicado na revista Personality and Individual Differences, constataram que

As mulheres estão dispostas a assumir o risco da abordagem inicial.

Também verificaram que meninos & meninas consideram como abordagens femininas mais diretas
  • Convidar para sair,
  • Perguntar se ele é solteiro e
  • Passar o número do telefone.
E, de incomensurável UTILIDADE PÚBLICA, concluem que as ABORDAGENS FEMININAS MAIS EFICAZES (anote aí) são..., nesta ordem...,
  1. Convidá-lo para sair,
  2. Insinuar o desejo de sair,
  3. Dar o telefone ou pedir que ele ligue e
  4. Procurar que interesses eles têm em comum.
É isso. Acabaram-se as desculpas. Se você está aí, cansada de assistir Globo Repórter e Zorra Total, prepara-se: anotações no bolso, próximo findi, o Calaf te aguarda!

Observações:

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Rabiscando


É possível que você já tenha participado de uma palestra ou reunião bem chata em que todos pareciam concentrados enquanto você daria tudo para fazer algo que te distraísse, mas o bom senso te conteve.
Se a situação lhe soa familiar, saiba que você DEVERIA ter lutado pela sua liberdade! Mais especificamente, você poderia desenhar, assim se lembraria de algo dito durante a apresentação...
É o que conclui um estudo publicado na revista Applied Cognitive Psychology por uma pesquisadora da britânica University of Plymouth
Os participantes ouviram uma gravação semelhante a uma conversa telefônica e foram avaliados quanto ao que se lembravam. No entanto, metade deles teve de preencher uma folha com formas geométricas durante a audição, semelhante aos rabiscos que fazemos no bloco de anotações em casa.
A idéia é a seguinte. Imagine uma situação relativamente entediante:
  • Reunião de definição do grupo de reestruturação da política de valorização das reuniões da sua empresa ou
  • A ligação de domingo para a sua tia de Goiânia ou
  • A palestra sobre organização financeira que sua mãe te obrigou a assistir.
São situações pouco estimulantes (admita, são chatas mesmo) em que o nível de excitação diminui e você tem sua atenção e memória prejudicadas.
A novidade desta pesquisa foi descobrir que 
 aqueles que puderam desenhar 
enquanto desempenhavam a tarefa entediante
 se lembraram de mais informações  
(tanto das importantes quanto das secundárias). 
A pesquisadora propõe duas explicações:
  • Desenhar estimula, diminuindo o tédio e te auxiliando cognitivamente e
  • Desenhar atrapalha, mas impede seu espírito de se desconectar do corpo e viajar por aí.E atrapalhando menos, ajuda.
Enfim, rabiscar é bom. O problema é que quem está com a palavra talvez não tenha lido essa pesquisa e não goste da sua atitude.

Observações:

1. Artigo original: Andrade, J. (2010). What does doodling do? Applied Cognitive Psychology, 24, 100-106.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Em busca de sentido

Uma breve explicação. Em 1945, um jovem austríaco, Vitktor Frankl, escreveu um pequeno livro chamado Em busca de sentido, em que fala sobre a idéia acima. Nota: nos 3 anos anteriores, Viktor fora apenas o 119.104, mais um dos judeus que perdeu a família em campos de concentração nazistas.


Independente de qual seja o seu problema, Frankl resume a história citando Nietzsche (que poderia ser um primo alemão do Murtosa): 

"Quem tem por que viver, pode suportar quase qualquer como."

Ao contrário do que se aprende assistindo Polishop, Dr. Ray e o horário eleitoral, você pode viver sem

  • dinheiro
  • beleza ou
  • poder,

mas é indispensável que

tenha um sentido na vida.

Criar os filhos, cuidar da empresa, amar o amor da sua vida. Não importa, desde que você preencha o 

vazio existencial (ou vida sem sentido),

você tem motivação para seguir adiante. E se sua vida tem sentido, seu sofrimento também terá sentido. O mesmo sentido.
Frankl chama isso de 

a última liberdade humana,

a postura que decidimos assumir diante do que a vida nos impõe.
Essa é a conclusão de um homem que perdeu a família em campos de concentração aos quais sobreviveu. A partir de tanto sofrimento, criou uma nova escola terapêutica (Logoterapia, que não é Logosofia). Vale a levar sua conclusão a sério: talvez você não consegua uma obra tão vasta quanto a dele, mas pode descobrir um modo de vida mais saudável para lidar com o cotidiano.


Observações:

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Bonita camisa, Fernandinho

Há dois posts, a aparência fez 1 x 0 na beleza interior. E o placar acaba de aumentar. Isso não significa que o produto é indiferente, mas mostra como a embalagem pode aumentar as vendas.
Cientistas europeus pesquisaram algo bem simples e interessante: como a cor das roupas atrai homens e mulheres.
Foram fotografadas pessoas com camisetas de cores diferentes, mostrando apenas do ombro para cima. Quando as fotos foram avaliadas por outros participantes, constatou-se que, de forma geral, 

pessoas de vermelho ou preto são mais atraentes (certamente essa é a principal justificativa para o tamanho da torcida flamenguista).

E o mais curioso é que, 

mesmo quando os participantes NÃO PODIAM VER a cor das camisetas,

usuários de vermelho foram considerados MAIS ATRAENTES.
Ou seja: a cor interfere, mesmo que subliminarmente, no próprio comportamento do usuário! De outra forma, as cores ocultas não influenciariam nas notas.
E, não tão surpreendentemente, os usuários de branco e amarelo receberam as menores notas...
Mas eis o que foi realmente genial neste estudo: primeiro, as pessoas de vermelho e de branco tiveram suas fotos foram avaliadas. Depois, a cor da suas camisetas foi invertida digitalmente - o vermelho virou branco e o branco, vermelho. E o que aconteceu?

  • Quem estava de branco, mas foi colorido de vermelho, recebeu notas menores do que quem estava realmente de vermelho;
  • Quem estava de vermelho, mas foi colorido de branco, recebeu notas maiores do que aqueles originalmente de branco.

Essa é mais uma constatação do nosso controle limitado sobre o ambiente e sobre nós mesmos: a mera cor de uma camiseta interfere não apenas no modo como somos vistos, mas na nossa própria postura.
E a lista da nossa limitada condição humana só aumentando...


Observações: