terça-feira, 29 de junho de 2010

Doce e falsa ilusão


Aproveitando o clima de Copa do Mundo, vamos falar de jogos, mas jogos de aposta!
A idéia é que, como sempre, agimos de acordo com o que pensamos e também sob influências que sequer imaginamos.
Vamos chamar a participação em jogos de aposta de “comportamento de risco”, pois investem-se dinheiro, bens ou cônjuges em algo que depende da sorte e isso é um tipo de risco. Pois bem: um estudo francês publicado este mês no Journal of  Gambling Studies mostra como esses comportamentos de risco dependem de uma falsa sensação de controle, um controle ilusório.
Sabendo que, em um jogo de sorte,  quanto mais alguém

  • acredita que sua habilidade pode interferir nos resultados (mesmo em um jogo de azar) e
  •  conhece ou já ouviu sobre outros jogadores bem sucedidos,
  • Maior é a ilusão de controle,

Os autores pesquisaram se um jogador é desestimulado ao saber que outros vencedores se deram bem apenas por sorte. Ou seja, se um jogador se arrisca menos quando sua ilusão e controle é reduzida. E foi exatamente o que encontraram. Os

  • Relatos de vitórias alheias (que dão a ilusão de controle, de que vamos ganhar também)
  • Aumentam a sensação de controle e
  • Então nos arriscamos mais.

O mais interessante é a possibilidade de que essa conclusão se aplique a outros comportamentos de risco: dirigir sob efeito de álcool, dirigir sem cinto de segurança, fazer sexo sem camisinha, tomar leite de soja.Aparentemente, quanto menor a falsa sensação de controle, menor o envolvimento em situações de risco.


Observações:

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Nosso Senhor a nossa imagem e semelhança

Provavelmente você já teve a chance de discutir suas crenças religiosas com alguém; mais provavelmente ainda, a conversa deve ter sido tensa.
Um artigo publicado na revista americana PNAS ajuda a entender porque situações como essa costumam ser conflituosas.
Pense em como precisamos de que tudo no mundo tenha sentido. Isso nos ajuda a compreender os porquês e os comos da vida, e um bom modo de se entender o mundo é entendendo como outras pessoas pensam. Mas, na falta de informações sobre como alguém pensa, contamos com alguns atalhos para preencher essa lacuna:

  • Crenças pessoais – pessoas de valor pensam como eu. Logo, Nelson Mandela, Al Gore e Galvão Bueno compartilham comigo suas opiniões sobre experimentos com células-tronco,
  • Informações acessórias – qualquer dado disponível é usado para esclarecer a situação. Os membros do Democratas são democráticos e os membros do Partido dos Trabalhadores gostam de trabalhar.

A novidade é que, pelo menos em parte, também é assim que formamos nossas crenças sobre Deus. Os cientistas realizaram 7 estudos, usando 3 metodologias diferentes, todos apontando na mesma direção:

  • Nossas idéias pessoais interferem excepcionalmente no modo como entendemos o que Deus pensa e quer que façamos. 
É estranho, mas aproximamos o pensamento de Deus do nosso próprio pensamento! Ou, como os próprios autores compararam de forma bem direta: a moral religiosa, em parte, pode ser vista uma espécie de bússola para nossas ações. O detalhe é que CADA PESSOA é um pólo norte e a agulha aponta para onde quer que estejamos. 

Observações: 

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Quanto mais longe, melhor

Pensando sobre criatividade, provavelmente você logo se lembra de artistas e grandes gênios. Mas pode passar despercebido que criatividade é fundamental no dia-a-dia:

Segunda-feira, 15h, estacionamento do Setor Comercial Sul e um espaço minúsculo disponível: qual é a melhor forma de estacionar?

Quarta-feira, 18h10, uma manifestação pró-manifestações ou uma obra interminável no caminho de casa: qual a melhor forma de passar o tempo com o mínimo de stress?

Sexta-feira, 11h30, o avião parte às 12h30 e você ainda não teve coragem de informar seu chefe sobre a viagem: qual a melhor forma de se liberar e conservar alguma credibilidade?

Sabe-se que criatividade está relacionada com a habilidade de resolver problemas e que ambas são estimuladas por fatores como

  • estado do humor,
  • recompensas e
  • concentração.

Investigando outros estimulantes mentais, cientistas americanos constataram que a distância espacial – isso mesmo, distância espacial – favorece a criatividade.
O estudo, publicado no Journal of Experimental Social Psychology, constatou que o MESMO problema pode ser resolvido mais facilmente se for relacionado a locais distantes do que a lugares próximos. Os pesquisadores concluem que

  • somos mais criativos
  • resolvemos problemas mais facilmente

se

  • tomamos DISTÂNCIA da situação.

A explicação é que alguns fatores, entre eles a distância espacial, propiciam distância psicológica, o que nos permite concentrar mais na essência do que nos detalhes.
A idéia é simples e a utilidade é enorme: é mais fácil e sou mais criativo se resolvo meus problemas como se viessem de longe.

Referências: 

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Ajudinha na escolha do cardápio

Algumas vezes penso sobre a comida que coloco no prato: demais, de menos, muito saudável, pouco saudável... quase um mistério. O curioso é que, se eu fosse mulher, seria mais fácil entender.

É o que indica um estudo canadense realizado com 469 estudantes na McMaster University e publicado na revista Appetite. Cientes de que a escolha da comida é influenciada por fatores como

  • presença de companhias (e quantidade delas),
  • gênero (companhias do mesmo sexo ou do sexo oposto),
  • distrações (interação, TV, vídeo game,...),
  • crenças sobre beleza (esse engorda, aquele dá espinha,...).

Em cada refeição, foram observaram que condições influenciavam e quanto influenciavam na escolha dos alimentos. Encontraram resultados muito interessantes:
 
  • comemos mais na companhia de pessoas do mesmo sexo,
  • mulheres comem menos na presença de homens e
  • quanto mais homens presentes, menos as mulheres comem.

Os pesquisadores explicam dizendo que manter a aparência é mais importante para mulheres que para homens, fazendo-as se sentirem mais femininas e com um corpinho mais atraente.

Ou seja: desacompanhadas, a salada de alface com peito de frango grelhado poderia não ser a verdadeira opção...




Referência:
1. Young, M. E., Mizzau, M., Mai, N. T., Sirisegaram, A., Wilson, M. (2009). Food for thought. What you eat depends on your sex and eating companions. Appetite, 53, 268-271.