segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Mais justo do que honesto

Um tio meu dizia que Ou você é 100% honesto, ou desonesto. Na época, eu duvidava se existia alguém honesto... Hoje, sei que não. Até porque a melhor pergunta não é SE alguém é honesto, mas QUANDO! Assim afirma um artigo publicado mês passado na revista Psychological Science.
Os autores já sabiam que nossa retidão fraqueja quando existe
  • interesse financeiro – “todo mundo tem um preço – e o meu tem desconto!”
ou
  • injustiça – a SUA visão de injustiça. Daí vem o caos: cada um julgando do seu próprio ponto de vista e fazendo justiça com as próprias mãos por conta própria
Investigando QUANDO e COM QUEM somos DESONESTOS (ajudando ou prejudicando desonestamente), constataram que nossa deslealdade floresce quando
  • vou ganhar algo – tanto faz, te ajudo ou prejudico conforme meus interesses
  • estou pior que você – aparece inveja (admito!) e te prejudico
  • estou melhor que você – sinto culpa (sempre tem algo para atrapalhar) e te ajudo
Na verdade, a sensação de injustiça gerou muito mais desonestidade do que o interesse financeiro (pelo menos com valores pequenos).
A explicação é que
  • a injustiça te provoca tensão emocional e é mais importante aliviar esse stress do que ser honesto.
Notou que cara-de-pau? Somos desonestos em nome da justiça! E você pensando que Robin Hood era ficção...
Parece que, além da moral pessoal, é MUITO importante evitar ou minimizar situações de injustiça, pois são um terreno fértil para a trapaça, mesmo para pessoas confiáveis (como nós!).

Observações:

12 comentários:

  1. Fica a pergunta, agora o pessoal vai preferir o PT ou o PSDB? =P

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  2. É bem por aí... fica complicado falar sobre honestidade e desonestidade, justiça e injustiça, certo e errado.
    Às vezes a minha honestidade pode parecer desonesta pra alguém.. ou a minha justiça a injustiça pra outro.
    As situações vão depender de que ângulo estamos olhando... (ou procurando desculpas para nossas ações!!! vai saber)
    Um beijo.

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  3. É sempre bom esse assunto, mas ... sem querer polemizar e aproveitando a minha formação cristã-ocidental ... sugiro uma visita à parábola do bom samaritano, que continua valendo nos dias de hoje (Evangelho de Lucas cap.10:25-37. E olha que nem frequento templos!! rsrsrsrsrs.
    Abraço em ti.

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  4. Rodrigo, parece que você pode ficar tranquilo: ambas administrações serão muito justas...

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  5. Boa, Aline. Nossa avaliação é bem menos objetiva do que acreditamos. E essas pesquisas mostram que nosso comportamento depende não apenas do "ângulo" de observação, mas também das condições externas em que estamos.

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  6. Luis, em uma análise do comportamento do bom samaritano (excluindo os aspectos morais ou religiosos, que realmente não são minha especialidade...), ele estava em uma posição melhor do que o homem ferido, portanto, seu comportamento de ajuda é compatível com a previsão teórica dos pesquisadores.

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  7. Eu percebi recentemente que fui bastante desonesto em nome da injustiça social e da vida. Fui é enganado!!! =p Diego.

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  8. Diego, uma das consequências interessantes desse ponto de vista é reduzir a auto-cobrança. Se é natural agir conforme nossa perspectiva de justiça, é natural que sejamos injustos do ponto de vista alheio. Não é uma apologia da ação egoísta, mas um reconhecimento de limitações naturalmente humanas.

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  9. Essa pesquisa descreve o trabalho de qualquer governo democrático que visa a distribuição de renda. As pessoas que ganham mais pagam mais impostos; aquelas que ganham menos, pagam menos. No final das contas, o dinheiro público retorna a todos por meio dos serviços públicos. Pode parecer injusto alguns pagarem mais do que outros, mas o governo o faz pelo pressuposto da eqüidade: os direitos e deveres diferem de acordo com a situação de cada um.

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  10. Meus Deus! Isso fatalmente confirma o que já desconfiava. Naaaooo posso confiar em ninguémmmm!
    Abs.

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